"Para ser um verdadeiro retratista é necessário ultrapassar o mero registro para, de mãos dadas com a tradição de 150 anos de retratos fotográficos, mirar a carne e atingir a alma. Tirar um retrato não é, e nunca será, apenas um apertar de botão. Um grande retratista conhece o estatuto invisível da fotografia, sua história e a dimensão poética de dar ao outro uma imagem perene da frágil condição humana em relação ao tempo. O retrato imobiliza aquilo que o tempo nos rouba. A fotografia funciona como um espelho com memória que insiste mostrar ao retratado o que um dia ele julgou ser. A dimensão do poderoso ato de se retratar reside na capacidade do obturador cortar uma pequena lâmina de realidade, um pequeno fragmento capaz de revelar que o fotógrafo busca sua própria identidade por meio da identidade alheia."

Texto de Osvaldo Santos Lima e Jonathan Campos, 2012.
Back to Top